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20 de Abril de 2024

Três impactos do rompimento entre PMDB e governo na crise política

Após meses de discussões e ameaças, o PMDB aprovou nesta terça-feira o rompimento com o governo Dilma Rousseff, elevando o risco de a presidente sofrer um impeachment

Publicado por Nadir Tarabori
há 8 anos

O vice Michel Temer, que assumiria o comando do país em caso de cassação de Dilma, esteve à frente das negociações nos bastidores que resultaram no fim da aliança com o PT.

Trs impactos do rompimento entre PMDB e governo na crise poltica

A decisão inclui, em tese, a entrega dos seis ministérios que ainda estão em poder da sigla, mais centenas de cargos nos escalões inferiores da administração federal. Nesta segunda-feira, Henrique Eduardo Alves já havia se demitido do Ministério do Turismo.

Por diversas vezes, o PMDB adiou uma decisão sobre romper ou não sua aliança com o PT. A decisão desta terça ocorre depois de uma série de notícias negativas para o governo, como a piora da economia, novas ações da Operação Lava Jato e a tentativa de nomear o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil.

"Tudo isso fez com que a crise se acelerasse e tirasse um pouco da inércia do sistema político. Porque os políticos tendem a esperar muito antes de tomar suas decisões", afirma o professor de ciência política da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Geraldo Tadeu Monteiro.

O rompimento do PMDB com a gestão Dilma deve trazer grandes impactos imediatos, apontam analistas políticos ouvidos pela BBC Brasil.

Por um lado, tende a provocar um efeito dominó, aumentando a probabilidade de que outros partidos deixem a base governista. De outro, pode liberar uma grande quantidade de cargos que o Palácio do Planalto pode usar justamente para tentar barrar esse movimento.

No entanto, devido ao peso do PMDB e ao ritmo acelerado de análise do pedido de impeachment na Câmara, o cenário mais provável é que o governo não consiga atrair novos aliados.

"Não vejo (chances de Dilma evitar o impeachment). Teria que ter realmente uma bomba que mudasse completamente o cenário, o que não está no horizonte", avalia Monteiro.

Entenda melhor três consequências do desembarque peemedebista:

1) Desagregação da base

A série de notícias negativas para o governo tem provocado o aumento do apoio ao impeachment de Dilma também dentro de outros partidos da base aliada, como PP, PSD e PR, que somam juntos 120 deputados.

Na segunda-feira, o PSD – comandado pelo ministro das Cidades, Gilberto Kassab – decidiu liberar seus 31 parlamentares na Câmara para votarem como quiserem na votação que decidirá se autoriza ou não a abertura de um processo contra Dilma no Senado. A oposição precisa de apoio dos 342 dos 513 deputados para vencer essa etapa.

No PP, os descontentes, liderados pela senadora Ana Amélia (RS), vêm pressionando o presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), a convocar uma deliberação sobre o rompimento com o governo Dilma.

"A saída do PMDB cria incentivos para que outros partidos façam o mesmo, pois aumenta a percepção de viabilidade do plano alternativo (ao governo Dilma). Portanto, há incentivos para partidos da base aliada se posicionarem melhor junto a uma eventual administração Temer", afirma o cientista político Rafael Cortez, da consultoria Tendências.

2) Reforma ministerial

A moção aprovada hoje pelo diretório nacional do PMDB prevê "entrega dos cargos em todas as esferas do Poder Executivo Federal, importando a desobediência a esta decisão em instauração de processo ético contra o filiado".

O documento fala em saída imediata, mas na prática deve ser estabelecido um prazo de alguns dias para o cumprimento da decisão.

O governo deve tentar usar esses cargos para distribuir entre os partidos da base aliada que ainda não deixaram o governo, buscando garantir os votos necessários para barrar o impeachment. O avanço da ameaça de uma queda de Dilma pode, no entanto, dificultar o sucesso dessa estratégia.

"Acho difícil que nessa circunstância o governo consiga recompor sua base mesmo distribuindo ministério, porque, assim como a economia, a política também trabalha com expectativa. Então, se a expectativa geral na classe política é de que o governo não vai continuar, eles não teriam porque investir nesse governo", observa Monteiro.

"Acho que a tendência é de um movimento de desagregação da base", resume

3) Impeachment cada vez mais possível

Como o PMDB possui a maior bancada na Câmara e no Senado, a decisão desta terça sinaliza um encolhimento do número de parlamentares que apoiam Dilma contra o impeachment.

A expectativa hoje é que em poucas semanas o plenário da Câmara analise se autoriza a abertura de um processo contra a presidente no Senado.

A princípio, caso isso seja aprovado, os senadores têm o poder de revogar a decisão dos deputados. Mas após o fim da aliança entre PT e PMDB, isso parece mais difícil.

"A saída do PMDB quase que inviabiliza o Senado vetar um processo de impeachment", afirma Cortez.

Se um processo for instaurado, Dilma é automaticamente afastada por até 180 dias do cargo enquanto é realizado o julgamento pelo Senado – nesse período, Temer assumiria interinamente o governo.

Se isso vir a ocorrer, muitos políticos e analistas consideram difícil que Dilma consiga vencer o processo e retomar sua cadeira de presidente.

No caso do impeachment do ex-presidente e hoje senador Fernando Collor, em 1992, após a abertura do processo foram necessários três meses para que ele fosse definitivamente cassado.

Fonte: BBC

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23 Comentários

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Cada vez que leio um artigo como este, com conclusões tão bem embasadas, mais me convenço que nosso sistema presidencialista necessita de urgente modificação. Pelo que se conclui, os partidos que desembarcam da base aliada do governo não o fazem por razões ideológicas, mas sim fisiológicas. São atraídos pela perspectiva de desfrutarem, de algum modo, do novo esquema de poder. É preciso quebrar esse ciclo vicioso, para que a politicagem seja substituída pela Política, tal como concebida por Platão e Aristóteles, cujo verdadeiro objetivo é o de promover o bem comum. continuar lendo

Pois este é o cerne da questão.
Isso é um governo ou é um show onde os camarotes da corrupção são distribuídos às chefias das facções com o intuito de alicia-las?
E isso corre assim, na cara de pau?
Por que estamos assistindo esse espetáculo?
Pra mim, o crime de lesa pátria é claro!
O governo precisa ser deposto agora! Deposto e preso!
Olha, te dou esse ministério pra você ir roubando um pouco, desde que você me proteja. Que é isso? continuar lendo

Pouco ou quase nada a acrescentar no seu comentário.

Troca-se o ruim pelo ruim seguinte. Muda-se a lata, mas o lixo é o mesmo.

Na verdade o que se apresenta é a condição de piorar ou não, pela possibilidade de se fazer alguma coisa, e não por não fazer nada certo no primeiro mandato e nada de nada no segundo mandato. A verdade é que o atual desgoverno tem como seu protagonizador um "féretro" politico teimando em não sair do governo, porém inerte buscando "conchavos" para permanecer no poder.

Não importa como, apenas deve sair. Deixando de lado as paixões políticas ou legais e analisando apenas a incompetência e a ingovernabilidade que está tornando o Brasil em um monte de escombros.

Falência total das providências de governo e da economia, aliado ao caos da bandidagem instituído neste momento.

Infeliz do Brasil como um todo ao eleger, não importa se certo ou não, um governo tão incompetente. Isso se refere a todos os partidos, não somente ao PT e PMDB tão em voga. continuar lendo

Meu caro Nadir, estamos assistindo o maior assalto de nossas vidas, onde a única arma dos assaltantes é o poder.
A cada dia, mais perplexo fico. continuar lendo

Desabafo!

A Presidente Dilma está sem limites mesmo, e sem ética nenhuma. Vai mesmo distribuir as pastar entre os partidos que sobraram lá, isso é literalmente vender os brasileiros, oferecer os ministérios em troca de apoio. O Lula é outro que fez história de odiado a amando e de amado a odiado novamente, está de parabéns, conseguiu o que ninguém, nenhum politico conseguiu, fazer tantas lambanças com o poder nas mãos. Manipula a população de baixa renda com esse tal de Bolsa que é sustentado com nosso dinheiro, com os impostos altíssimos que somos obrigados a pagar, para sustentar os bolsas e as corrupções.

Os Petistas tem que acordar gente, o Lula não foi um bom presidente, ele apenas pegou o Brasil num momento bom, isso porque o FHC tinha aberto os caminhos para quem pegasse o governo. Quando Lula pegou o governo, estava entrando dinheiro no Caixa para o Brasil das privatizações que FHC tinha feito, privatizações essas que elevou as Empresas privatizadas para outro patamar, e com esse dinheiro que ele pagou dúvidas do Brasil e ficou com o crédito. Outros países também estavam investindo no Brasil devido as privatizações, começamos a importar e exportar e a economia melhorou, mas não foi por causa do Lula, foi FHC que deixou esse caminho aberto.

Quem não deve não teme: Se Lula não tivesse o rabo preso, e Dilma tivesse ética, Lula teria recusado o cargo de Ministro imediatamente ao convite e principalmente, colaborasse com as investigações. E Dilma jamais poderia fazer essa oferta ao Ex Presidente, isso só prova o desespero dela. O mais sensato no momento seria ela renunciar mesmo.

Estou chocada, nunca pensei que fosse viver um momento desse no Brasil. continuar lendo

Concordo com suas reflexões. Mas, data venia, divergindo. Rs.
ESTAMOS CHOCADOS.
Talvez seja por questão de preferência e ambos, você e eu estejamos errados. Ou certos (?).

FHC fez um ótimo primeiro mandato. Na onda do Plano Real criado por dois professores paulistas e encampado por Itamar, depois de tentar 12 Ministros e 6 planos de combate à inflação. Itamar "o louco", político astuto e honesto, foi o único que assumiu o ônus, a responsabilidade E ACABOU COM A INFLAÇÃO. Escolheu o seu sucessor que entendeu mais preparado. O intelectual FHC não teria cacife ou competência nem para ser Síndico. Qualquer um, razoavelmente preparado se daria bem no lugar dele. Vendeu a alma para roubar o segundo mandato. O que foi seu enterro moral e político. Agora apropriadamente desenterrado pelo STF.

Lula, recebeu sim o país num céu de brigadeiro. Mas enfrentou e tirou de letra a pior crise internacional dos últimos tempos. Onde Europa e USA foram ao fundo do poço. Sacou a maior jogada de estratégia sócio-político-econômica, com a inclusão dos pobres. Foram os grandes beneficiários do seu governo. FORAM? Uma ticha. Quem se beneficiou foi a economia. Que cresceu das bases, injetando trocados nas vendas, que injetaram graúdos nas indústrias, que investiram fortunas na agro-indústria, que .... Num círculo virtuoso, raramente visto na história das nações. LULA FOI UM HERÓI. Não tenho certeza de quando virou bandido. Ou se já usava disfarce de Zorro invertido. Lula usurpou os pobres, os médios e os ricos decentes, para injetar a grana quatrilionária numa plutocracia insaciável.

Lula cometeu o erro que Itamar evitou. Colocou uma capataz, guerrilheira para comandar a nação. E ela deu conta de quebrar o país. Ou foi a ladroagem que o fez?

Bem. Fico por aqui, senão vou escrever outro artigo.
Reafirmo que concordo com você.
Com ligeira discrepância e todo o respeito. Rs.
O Véio. continuar lendo

Surge uma pergunta "non sense": uma vez que o vice-presidente é o presidente nacional do PMDB, e foi reeleito com a presidenta, e que o PMDB rompeu com o Governo, para assumir oficialmente o status de oposição, não seria o caso de o vice renunciar?
Perguntar não ofende. continuar lendo

Boa tarde !

Sr. Jackson , o sr. acabou de perguntar o que eu já iria fazer . E nenhum cientista político até agora nos respondeu. continuar lendo

Na minha opinião, concordo plenamente pois se os cargos ofertados ao partido PMDB estão sendo colocados a disposição , nada mais correto seria a renuncia do vice presidente para acompar seus pares.(seria mais honesto). continuar lendo

De uma banana a um macaco faminto e peça gentilmente para ele devolver.
Acho que são situações parecidas.
E vice presidente é cargo eletivo e não nomeado.
Não existe essa lógica da renúncia, mesmo porque ele é o sucessor direto na presidência. continuar lendo

Claro que não! O cargo de vice-presidente, tal como o de presidente, é de representação popular (pelo menos na teoria), ou seja, vinculado ao povo, e não às picuinhas partidárias.

O Temer ainda possui deveres republicanos a cumprir. Foi eleito para isto. Muito embora, tal como Dilma, eu não acredite que ele vá fazer!

Abraços! continuar lendo

Boa pergunta.
Entretanto, deveria ser precedida da pergunta à GovernAnta. Porque ela não renuncia?
Creio que ambos vão recusar, principalmente Temer que não está de imediato na mira do canhão.

De qualquer forma, apesar de serem uma "chapa" o crime não é eleitoral. Este está sendo apurado no Tribunal Eleitoral e envolve GovernAnta e Vice. Ali sim, sairiam os dois. Isto ainda pode acontecer. Também poderiam incriminar as chapas concorrentes por outros crimes ou malfeitos.

Além disto, o crime fundamentador é de responsabilidade. Vice Presidente não governa. Portanto não é responsável, salvo naquela "perfumaria" de que se ocupou eventualmente, como coordenação política. Diferente até dos Presidentes do Senado e da Câmara que também são acusados de "ir-responsabilidades". Há quem diga que Lewandovisky também não sobreviveria a este exame. E assim por diante, não sobreviveria ninguém. Talvez nem eu e você. Só restando apagar as luzes e devolver as chaves para Portugal. Ou seria para os índios?

O país está à beira do caos. Mal e porcamente, a única coisa que nos segura nos limites da civilidade é o ritual. Ou seja, o cumprimento das regras. O brasileiro precisa começar a aprender a respeitar as leis. E a mais desrespeitada é a da fila. Todo mundo já furou ou quer furar fila.

Então vamos respeitar. Primeiro a fila. Dilma, Temer, Eduardo, Renan, Levandowisky (afinal onde ponho o v e o w?). Depois teremos outra rodada ou eleição. Assim por diante. Há quem quer até que os militares furem a fila. Constitucionalmente eles também teriam sua vez. Já furaram fila no passado e quebraram a cara. Uns tão loucos prá não entrar nesta. Outros são loucos e querem entrar.

Se não queremos que a baderna se estabeleça em definitivo e talvez o desgoverno já tenha feito isto, há que se seguir um mínimo de legalidade.

E apesar das suspeitas de plutocracia, cleptocracia e váriascracias, ainda creio que o povo possa vir um dia a ser mais feliz. Não eu, que sempre o fui e pouco tenho a reclamar. Mas nossos fihos e netos.
O Véio. continuar lendo

Mas o problema é que se Temer renunciar, quem assume é o Eduardo Cunha. E se houver algum impedimento do Cunha, quem irá assumir é o Renan Calheiros. Ou seja: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. continuar lendo

Excelente questão!
Penso que está mais do que claro o jogo de interesses: cada qual olhando para o seu próprio umbigo!
Cabe uma analogia: "ratos são os primeiros a abandonar o navio, quando esse está à afundar." Um 'navio' que, diga-se de passagem, se lhes apresentava muuito confortável...
Diante disso, o que a bancada, ou partido, que desembarcou pode fazer meritoriamente pelo Brasil, seja agora ou num tempo futuro?
Praticantes, ostensivos, da politicagem. Que mais dizer ou analisar? :/ continuar lendo